O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, convidou mercenários do Grupo Wagner para seu país para treinar seus militares. Lukashenko aludiu ao convite em um discurso na sexta-feira (30) dedicado ao Dia da Independência de Belarus, de acordo com a agência de notícias estatal BelTA. “Infelizmente, eles [os mercenários do Grupo Wagner] não estão aqui”, disse Lukashenko. “E se seus instrutores, como já lhes disse, vierem e nos passarem experiência de combate, aceitaremos essa experiência.”
O convite de Lukashenko vem uma semana depois que o líder belarusso foi creditado por desarmar uma insurreição armada das forças do Grupo Wagner contra Moscou. Em uma série impressionante de eventos que representam a maior ameaça ao presidente russo, Vladimir Putin, em anos, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, marchou com suas forças em direção à capital russa, assumindo o controle de instalações militares em duas cidades russas, no que ele disse ser uma resposta a um ataque militar russo a um acampamento do grupo mercenário.
A crise foi neutralizada somente depois que Lukashenko negociou um acordo segundo o qual Prigozhin se mudaria para Belarus. Como parte do mesmo acordo, as tropas do Grupo Wagner tiveram a opção de se alistar no exército russo ou nas agências de aplicação da lei, retornar para sua família e amigos ou ir para Belarus. Em seu discurso na sexta-feira, Lukashenko disse que não tinha medo dos membros do Grupo Wagner, pois os “conhecia há muito tempo”.
“São pessoas que lutaram em todo o mundo para estabelecer uma civilização normal. O Ocidente os odeia profundamente”, disse ele. Ele também alertou que uma “crise político-militar em escala mundial sem precedentes na história da humanidade” estava se formando e criticou o Ocidente por não reconhecer a necessidade de diálogo para resolvê-la. Lukashenko acusou a União Europeia e os Estados Unidos de “armar a Polônia em um ritmo acelerado” e afirmou que o Ocidente estava transformando a Polônia em “um campo de treinamento por procuração” para usá-la contra Belarus e a Rússia, comparando-a à Ucrânia.
“Assim, está sendo criado mais um foco de tensão, está sendo criado mais um reduto para a agressão do país mais agressivo do mundo e, infelizmente, o mais poderoso – os Estados Unidos”, afirmou.
ONDE ESTÁ PRIGOZHIN
No início desta semana, o líder belarusso afirmou ter convencido Putin a não “destruir” o Grupo Wagner e seu chefe Prigozhin, que ele disse que teria sido “esmagado como um inseto” se as tropas continuassem seu avanço para a capital russa. Mas o paradeiro exato de Prigozhin permanece incerto. O líder dos mercenários foi visto pela última vez deixando a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, no último sábado (24), depois de interromper abruptamente a marcha de suas tropas sobre Moscou.
Ele divulgou uma mensagem de áudio na segunda-feira (26), explicando sua decisão de retirar suas tropas. Lukashenko disse que o chefe Prigozhin chegou à Belarus na terça-feira (27). Embora não haja vídeos ou fotos mostrando Prigozhin em Belarus, imagens de satélite de uma base aérea fora de Minsk mostraram dois aviões ligados a Prigozhin pousando lá na manhã de terça-feira.
GRUPO DE MÍDIA DESLIGADO
O discurso de Lukashenko ocorreu quando um grupo de mídia russo associado a Prigozhin encerrou suas operações. O grupo de mídia Patriot, que inclui a Agência Federal de Notícias, Notícias do Povo, Economia Hoje, Nevskiye Novosti e Política Hoje, estaria “fechando e deixando a agenda de informações do país”, disse Yevgeny Zubarev, CEO da Agência Federal de Notícias na sexta-feira.
De acordo com Zubarev, o tráfego total do conjunto de sites Patriot chegou até agora a 300 milhões de visitantes únicos. A mídia estatal russa TASS informou na sexta-feira que o regulador de mídia russo Roskomnadzor restringiu o acesso a sites de mídia pertencentes ao Patriot.
Prigozhin, o fundador da empresa militar privada Wagner, ocupou recentemente o cargo de vice-chefe do conselho de supervisão do Patriot.
Escrito Por: CNN Brasil
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